Showing posts with label Essays. Show all posts
Showing posts with label Essays. Show all posts
Tuesday, July 15, 2025
Saturday, May 17, 2025
Corpo, Manifesto
Cassiopeia - Livros Digitais
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Edição: Sandra Guerreiro Dias, Diogo Marques, Annita Costa Malufe, João Paulo Guimarães, Isabel Carvalho
Sunday, March 7, 2021
Tuesday, April 21, 2020
Monday, April 13, 2020
anna negra
![]() |
letter to humanity - Álvaro Seiça |
anna é uma velha
anna é uma velha preta aos bocados, partiu-se em duas janelas quando espreitava pelos cantos os pássaros que armazenavam, entre eles, o espanto. limpa-se aos cotovelos estagnada a chuva, limpa-lhe os dentes a traça dos animais inverosímeis que testemunhou num outro mundo acabado. ainda bem que Anna acabou e o mundo também, aos prantos, e jorraram lentos os ditados de que a chuva caiu, finita. anna matou-nos. não é um boneco qualquer, um borrão ou uma silhueta apenas importante que o mundo visto daqui é vasto e as sombras, por aí, miraculosas. Anna é agora uma flor, o pescoço esticado e o dedo arrancado à roupa, a pele e o frio das vértebras descarnado, o sangue que, à janela, sucumbe quando os ossos interditos estão gastos, e a floresta conspira para nos matar a todos.
More, here.
Sunday, July 1, 2018
Saturday, April 1, 2017
Friday, January 15, 2016
Saturday, July 11, 2015
Monday, May 11, 2015
Thursday, March 12, 2015
Saturday, January 10, 2015
A insustentável leveza do riso
![]() |
Fotografia: João Paulo Cruz |
"Rir é a arma
absoluta”. Frase de choque para estes dias. Dedicada especialmente aos
faccionários do riso q.b. Vem-me a par de uma outra que li à entrada do Bloco 4
em Auschwitz: “Aqueles que não conhecem a história estão destinados a
repeti-la” (George Santayna).
O que mais custa nestes dias é
acordar no âmago das nossas vidas certinhas, trágicas e ridículas e não ter
vontade de rir. É perguntar em estertor porquê e a resposta escapar-se-nos
ambígua e difusamente pelas sombras da história. Não, não basta a ideologia, o
moralismo, a religião, os analistas, a cultura ou a economia. Não há soluções
finais, eficazes e felizes para problemas complexos como estes.
Era fácil se fosse só apanhar os bandidos
e exterminar a estirpe deles. Mas os sujeitos não vieram de Marte e são seres humanos.
Temos de coabitar. Em todo o caso, quem são? Que período da história é este que
os germina? O que explica que jovens tão jovens sejam então uma espécie de lixo
underground da história? O que sobra de um sistema de organização social que
vem fracassando redondamente e em catadupa? Falhou a família, falhou a
educação, falhou a política, falhou a sociedade, falhou a religião, falhou a
história, falhamos nós.
Porquê, se rir é tão e somente sinónimo
de liberdade e inteligência? Se quanto mais refinado e sofisticado o humor, mais
arejado e libertador? Não, o riso não é leve! O riso não é entretenimento! Como
dizia Almada Negreiros, “a alegria é a coisa mais séria da vida”. Se nos roubam
a vontade de rir, roubam-nos a inteligência, a consciência, a capacidade de nos
olharmos em perspectiva e, com distanciamento, relevarmos as mais profundas e
arreigadas das nossas convicções, causas, sombras.
Não, não basta encontrar um bode
expiatório. Como defende Amartya Sen
em Identidade e Violência (2006), o
ser humano tem muitas identidades: é pai, mãe, filha, professor, católica,
budista, artista, político, activista, jogador de futebol, vizinha. Sim, ainda
é preciso relembrar o óbvio. Porque identidade nada tem que ver com fanatismos
e totalitarismos. Acabados de sair da Era dos Extremos, para onde vamos? O
que não aprendemos com a história?
Os ciclos históricos começam,
acabam, renovam-se. Pelo caminho há crises, apocalipses e revoluções. Panta rhei. E não há um motivo para
isso, há vários ligados entre si. E não é pela esquerda ou pela direita. É
pensando a história como um todo, nos seus subterfúgios, enredos e meandros.
Questionando. Pondo em causa. Rindo.
Enfim, o que seremos sem a
capacidade de rir de nós próprios? Da nossa pequenez, medos, defeitos, do lugar
infra-cósmico que ocupamos na imensidão do universo? O que sabemos se não apenas
que nada sabemos? É um lugar comum, é universal. Será?
Texto originalmente publicado em P3
Friday, December 26, 2014
Séries de culto e o lado b da história
James Gandolfini não morreu. É um ícone polémico da história contemporânea e faz parte de um conjunto de arquétipos sociais complexos com que tentamos compreender o mundo. O mesmo para Laura Palmer (de regresso, em breve), Macgyver, Seinfield, Dr. House, Jack Bauer, Dexter, Joel Fleischman, Walter White, Fox Mulder e Dana Scully, entre tantos outros.
Esta galeria muito excêntrica (e pós-moderna) compõe um sortido colorido de personagens semi-reais, semi-fictícias, que a indústria de entretenimento tem vindo a produzir em massa, mas não sem nada a declarar: desta ou daquela maneira, as suas estórias deram significado, ilustraram ou problematizaram questões, dúvidas, angústias da história.
O culto das séries terá começado em Portugal algures nos anos 80 com a televisão a cores. Hoje, fazem parte do capital cultural que consumimos diariamente, juntamente com a música, a publicidade, as revistas e as aplicações. Mas será que vemos séries porque nos são impingidas pelos media? Ou é a pescadinha de rabo na boca e consumimos porque nos faz falta e por isso é um nicho de mercado? Não vai mal nenhum ao mundo por isso. Importa, sim, perguntar por que é que as séries importam. Também elas contam a história da história?
Há séries, claro, para todos os gostos. De vários tipos, tamanhos e feitios. Das mais sofisticadas (tipo "Sopranos", "Six Feet Under", "Dekalog") às 3+1=4 (as previsíveis, as que não dão sono mas também não tiram). Adaptam-se às nossas vontades, personalidades, "moods". Posso escolher entre rir hoje com o Ricky Gervais ("The Office"), chorar amanhã com "The World at War" ou beber um chá com a família Crawley ("Downton Abbeye"). Depois, há as mais ou menos universais, como "Game of Thrones", que só quem ainda não viu pode dizer que não gosta ou não lhe diz nada. É um verdadeiro "case study" estético e sociológico.
O "culto" advém da combinação explosiva que estas produções fazem de um conjunto de factores: o entretenimento (que não é uma coisa terrível e é tão antiga como o ser humano); a sofisticação dos meios de produção, da luz à fotografia, passando pela música e os argumentos, muitos deles, brilhantemente compostos e escritos, satisfazendo as nossas necessidades estéticas, sim; o recurso ao jogo, ao estímulo mental e corporal, respondendo à nossa apetência para desafios, como tão bem sistematizou John Huizinga no seu "Homo Ludens" em 1938.
Mas não só. As séries são reservatórios psicanalíticos. Ali lava-se roupa suja sem pudor. Dos preconceitos aos medos, dos desejos aos sonhos, do sexo à política do pior. Tudo posto a nu, com tiros, sons e cores. Vale tudo. Porque é ficção. É ficção? Como diz Aristóteles, a ficção é tão real como a suposta verdade porque não é o que é mas o que podia ter sido. Neste imaginário de possibilidades sem limites e com uma panóplia incrível de recursos tecnológicos como nunca tivemos, as séries dão azo à necessidade humana de explicação e contemplação do mundo.
Texto originalmente publicado em P3.
Monday, December 1, 2014
Thursday, November 27, 2014
Afinal o facebook antes de o ser, já o era
![]() |
Fotograma do Videopoema Rede, Teia, Labirinto 1985-1989 © E. M. de Melo e Castro. Reproduzido com permissão |
Crónica no P3.
Sunday, November 23, 2014
Onde é que pára a política?
![]() |
© Alexey Bednij |
José Sócrates foi detido.
Se há suspeitas, investigações em curso, deve haver consequências. Cumpra-se a
lei. Mas não é pelo ‘enxovalhamento’ que isto lá vai. E um país angustiado,
pobre e sem auto-estima encontra rapidamente o seu bode expiatório catártico de
barbaridades e bacoquices. Não, não é bem assim. A ‘res publica’ não é nenhum
romance de ‘faca e alguidar’.
O que se subleva aqui: as
suspeitas, o imaginário político de corrupção ao mais alto nível, na mais fina
flor dos quadros públicos e políticos, a saturação deste jogo de sombras,
desonestidade e falsos moralismos. Pergunta: haverá pior exemplo para o civismo
de um país que uma classe política suspeita de corrupção, impune e com direito
a horário nobre na televisão pública? Eu própria me vi confrontada com este
constrangimento quando, um dia, numa aula, um aluno me perguntou: ‘Professora,
se o Primeiro-Ministro fez o curso por encomenda ou nem isso, porque é que eu
me hei-de esforçar?’. Não, a escola, a universidade, a educação formal em
geral, não faz milagres. People see,
people do.
A detenção de um
ex-primeiro ministro em Portugal nos 40 anos de democracia deve levar um país a
pensar sobre si próprio e não apenas sobre os seus políticos. Somos nós que os
elegemos, são as nossas escolas e universidades que os formam, é a nossa
sociedade e processos de meritocracia que lhes permitem chegar onde chegam.
Somos todos e todas, não são eles e elas. Como é que cada um/a de nós contribui no seu dia-a-dia
para a credibilidade do debate público e político?
Estudei em Coimbra, a
academia mais politizada por excelência. Pela sua história. Ou já foi. E isso
tem também que ver com o que vou dizer a seguir. Desculpem-me os/as que vou
ofender: há muito que esse exemplo da história se esvaiu do imaginário político
e cívico coimbrão. Salvo raras excepções, aquilo que vi no meu tempo de
estudante, não foi mais do que juventudes disto e daquilo, secções disto e
daquilo, a lutar por tachos. Pela parte que me toca, nunca me interessou a
política pela simples razão de que esta é porca, feia e má. Por vezes mesmo um
atentado à inteligência do cidadão comum. Basta analisar o nível do debate
político, o nível de linguagem. É confrangedor. Qualquer close reading ao discurso político topa de longe a sua ‘embalagem’
demagógica. O que não significa, no entanto, que não tenhamos que ser
políticos. De outro tipo. De outra forma. Há muitos exemplos também em Coimbra
de boas práticas e por esse país fora. É um caminho.
Em suma, não adianta
meter a política na ‘borda do prato’ porque diz respeito a todos e a todas. O facto de nos
termos desinteressado, nós, geração pós-25 de Abril, é um sinal claro. Não, não
éramos fúteis, nem a ‘geração rasca’. Apenas não nos revíamos não, na política
em geral, mas nesta em particular, em que quase ninguém se revê hoje, de resto.
Será que o que se está a
passar é uma mudança de paradigma político? Em último caso, é um alerta flagrante
de que algo tem necessariamente que mudar. E depressa.
Thursday, November 13, 2014
We are all made of stars
![]() |
Credit: ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR |
Artigo sobre a Missão Rosetta, o Desconhecido e a Ciência, no P3.
Wednesday, November 5, 2014
Tuesday, September 30, 2014
noite suja, noite de flores*
![]() |
the sleeping beauty |
![]() |
só à pedrada |
![]() |
o país criança |
![]() |
isto é que é cá um banquete |
Eis-nos chegados ao dia em que não temos nada para dizer. Esse dia que sempre chega e não é que seja mau de todo. Que o mesmo é dizer: de uma morte lenta e silenciosa. Que o mesmo é dizer que quando se fala de literatura, poesia ou do Mário Cesariny, que é tudo a mesma coisa, pouco há a acrescentar. Pois que o velho carqueja disse tudo o que havia para dizer e é explícito, o problema: por mais que o mundo dê muitas voltas, é às cambalhotas para o mesmo sítio. "Isso, ou um rosto", dirias, Mário. Um rosto esfacelado de poetas distraídos que não digam muitas coisas. Só o essencial, como uma fera. E ainda assim, sobre esta morte, que direi, Mário?
Direi que escrevo assim porque ele, Mário, que tenho por poeta, palhaço, crítico e performer, isso tudo ao mesmo tempo uma coisa e a outra sem se distinguirem, disse-me um dia que sonhava que voava lá muito alto e que, quando tinha medo das alturas, fazia de conta que a gravidade era uma espécie estrófica de muito silêncio lá dentro. Tudo passava. Será que passa, Mário? Será que a dorzinha que é menina, crónica de fazer malhinha, ou estas coceguinhas de gravatinha, da piadinha para a Joaquina, passa Mário? Pois que repara: a insurreição tornou-se moral. Vê lá tu. E que eu invente, tal qual como tu, não passa nada. Mais, para falar de poesia em Portugal, tem que se inventar muito que isto de mundos e fundos não é bem assim. A poesia não serve para nada e muito menos se for de barrete ou de alcochete, digo, de enfiada, para embilhar de assentada. Nem consta que alguma vez tivesse revolucionado as mentes, os pés ou as bocas de nação alguma. Que digo eu? Blasfémias. Ou então não, não era assim, que ele dizia, o Mário, cito:
'Meu caro Jorge de Sena (...) venho dizer-lhe que será de meu total desagrado a efectivação de tal anúncio, pelo que muito lhe peço e recomendo me não faça participar do novo ramalhete dos talentos. Como sabe, esteja eu certo ou errado - não é para discutir - são-me sumamente repelentes as alegrias excursionistas proporcionadas por esse tipo de assembleia nacional. Se não lhe faz um transtorno por aí além, prefiro solitário o meu próprio detrito - evola-se muito mais depressa sem acumulação por monturo nos terrenos baldios da capital. Creio, aliás, e isto é uma resposta à sua proposta de sugestções, que: antologias, só tendenciosíssimas, apaixonadamente tendenciosas, como seria de organizar algumas se entretanto não estivéssemos todos a morrer. Da inclusão do meu camarada António Maria Lisboa falará, como é óbvio, a sua própria obra. Pela parte que me toca no assunto, fecho-o com uma pergunta: será possível que você, Jorge de Sena, a ter lido o que António Maria Lisboa publicou, pense, presencisticamente, em incluí-lo, cadáver, poemas, ossos, tudo, em banquete tão sociedade de recreio e tão concomitante gracinha do meio editorial português?' Jorge de Sena não só incluiu os poetas em questão como lhes estabeleceu fichas biobibliográficas tão retorcidas como a cabeça dele. (Isto foi o Mário em 1958 a escrever ao Jorge de Sena e a pedir-lhe educadamente que o tirasse do 3º volume das Líricas Portuguesas. Está visto que o outro era teimoso que nem cornos.)
Não é verdade que estejamos todos a morrer, Mário. Há os que acham que não. Mas isso é só enquanto têm a ilusão que se se atirarem dum segundo andar, ganham asas e conquistam o céu, como tu. E se partirem a boca toda, é porque se esqueceram de a fechar. Vá, passo por esta poesia toda do pinguim ao papagaio porque estudo literatura e a literatura mata-me. A literatura aborrece-me, Mário. E a morrer, que seja de uma dor funda. Porque nem me aborrece de morte. Primeiro, porque tu já disseste tudo. Segundo, porque entre o pinguim e o papagaio, não se avista nada a não ser um horto de silêncio, como dizia o Al Berto mais ou menos mas sem a parte do incêndio. E segundo outra vez, porque para estudar aqueles que fumam cachimbo e trocam as pernas no programa da manhã a dizer piedades, escolho as tuas alarvidades e prefiro sempre as tuas perninhas, Mário, magrinhas, arqueadas, fininhas, sim senhor, de tanto envelhecerem e irem sozinhas, para casa ou outro lado qualquer, oh Mário. Mas desses como tu, não sobra mais nenhum. Foram tombando uns e umas atrás de uns e das outras, com os corninhos ao sol em efeito catadupa e uma sanidade mental meia chalada, incompreendidos e idas e corridas à pedrada, e à porrada, no país que era criança mas agora já não é, é adolescente e tem a mania.
Em todo o caso, Mário, que digo eu da minha justiça poética que não passa disso mesmo, uma forma de achar? Digo que não tem interesse nenhum que lhe chames gracinha, ao meio editorial português, porque assim eu fico sem nada. E já me basta nem circo, nem leões. E ainda assim, escrevo. Escrevo porque oito anos depois de morreres e as televisões terem acorrido ao teu funeral, vá lá, sabiam quem tu eras, a noite continua suja e há por aí umas flores de plástico. Retorcidas, ressequidas, sem cheiro ou graça nenhuma. E há quem meta de permeio e avental, outra vez a embilhar um poema a dizer que se vende. E ainda hão-de subir-nos ao palco a vender-nos a alma e a unta da cobra. Pois que há, e tu crês que sim. E tu vê lá que depois do "Au Tour des Livrées Sanglantes"**, se crê outra vez nisso. Não vai mal nenhum ao mundo que assim seja, já sei que dirias isso e até subias à cama de castanholas e vinho. Eu é que não estou para isso.
Isso ou uma morte que é dura: cadáver, poemas e ossos, tudo num banquete. Todos lambendo a tibiazinha. Já o meu avô dizia, quando lhe acenavam da morte, "mas isso agora é assim?". Pois não que não é! Os camelos. E tu Mário, faz-te à estrada, não te ponhas a amar que ainda te apanham e te fazem uma gala. Não que tu caísses ou bamboleasses. Mas já por aí andam aos salamaleques e tu não ias gostar nada que te fizessem do pescoço, um osso, que nem para joelho lhes chega o artelho.
Em todo o caso, estou bem contente que a crítica literária esteja morta e enterrada e a poesia e isso tudo, que morra tudo. Assim como a assim, recreio por recreio ou ramalhete por alfinete, de talentos ou unguentos, prefiro uma morte, ao sol. E que nos dês nas trombas numa manhã de outono com a tua alegria.
* - A. Breton
** - Manifesto dos surrealistas franceses escrito em 1957, por altura em que os dirigentes soviéticos desautorizam Estaline, onde se reafirma a separação do surrealismo face ao marxismo e se repudia veementemente o regime soviético.
Tuesday, July 15, 2014
The endless cycle of the portuguese eighties
![]() |
2012 |
Cities recapture what they once were. Oblivion, the
dissimulated manifestation of any loss, is the unresolved ever-present
"endless cycle" (227). A Noite
das Mulheres Cantoras, one of the latest books of Lídia Jorge, is set in Lisbon in
the late 80's, representing the stage of a society saturated with
"presentism" (Hartog). This extraordinary tale(s) of five female
singers against the ephemerality of the "minute empire" (expression
that describes the dizzying speed of the roaring eighties) is an exercise of
"acknowledging the singularities" (Traverso, 2008) - "I go back
to the trivialities of the past and tie myself to their use" (30) - of the
collective history of the "realm of the ephemeral" (18) into which
post-revolution Portugal and post-war Europe in general were transformed. On
the one hand, these are the singularities of a group of women who are
"joyful because they are so sad" (152). On the other hand, these are
the singularities of a time without "any visible order" (312), of a
time of both celebration and mourning. They are described from the perspective
of Solange de Matos, the protagonist and first-person narrator. Although at
first sight the scenes show no causal relation between one another, they
interweave the thread of the narrative as they are bound together by
remembrance, absurd and the art of improvisation when faced with memory gaps.
In short, the narrative focuses on a woman's body - the narrator's and
simultaneously of all women - looking for a stage while straining against the
transcendence of the "limitless abundance" (310) and its underlying
oblivion - "If I insist on the oblivion issue, it is because maybe no
other issue has been this important" (229). Furthermore, the stage is also
the text, and the act of writing memory is the way of simultaneously
celebrating and putting on the show.
The plot: the eighties and a mysterious halo of
forbidden uncertainties, the beginning of "The Society of the
Spectacle" in Portugal, shortly after it entered the European Union.
Solange is a 19-year-old student who started the music group ApósCalipso
together with Gisela Batista, the Unstoppable Maestro, the Alcides sisters,
Maria Luísa and Nani, and Madalena Micaia, the black jazz singer. They intend
to change the world with their music - "We want to forget everything that
is behind us and to determine everything that is before us" (198). The
story focuses on the recording of their debut album and especially on their
rehearsals. In fact, a series of uncommon adventures takes on the narrative,
where laughter goes hand in hand with naked bodies on stage and catastrophe. To
be quickly forgotten is another feature of the "minute empire".
However, behind a curtain there is always an old looking glass - the other side
of the illusion -, which is also where the world ends and starts.
This tale is told 21 years after the "minute
night" or "Perfect Night", which refers to the night when the
main characters meet again in a live TV game show. The real threat is the past
- "Anyone who tries to reproduce it is a fool" (24) - which dictates
the need to tell. This is also the tale about what is left of that ghostly
realm of comfort and abundance - and over and over gets buried and resurfaces
-, because "the history of a group always reflects the history of a
people" (9). The well-kept secret of this group mingles with the one of
this "suspended world" (14) - impossible to disentangle from one
another -, namely Portugal in the eighties. In fact, its tragicomic history is
described as an "unstoppable mass of air" (202).
To a certain extent, the eighties were the time when
art took over the stage - "I believe we are on a stage and all
improvisation is allowed" (245). Lídia Jorge describes the memory of
several bodies in ecstasy taking on several stages: time, which is volatile,
reconstructed and facing oblivion; space, namely the city, here representing
the large stage of the profound social and cultural changes Portugal was undergoing.
These bodies are also transformed into spectacle, "dancer[s]" (281)
of memory and of the surrounding scenery, the "bright" city (150),
"full of junk and drifting papers" (197). However, a body vanishes.
Narrative is also a way of bringing into scene that empty space, filled by the
silence of practically all that is mute in history and in memory. In a body
brought back on stage, its disappearance stands out. Celebration or mourning?
There is no definite premise. Meanwhile, both coexist peacefully in this
"small minute world which Earth has become" (299). What one knows for
sure is that irony is also a state of exhilaration and that the text is the
balance or the art of (un)tidying up and making everything fall into place.*
* - publicado em Portuguese Literary & Cultural Studies, 25, 199-202.
Subscribe to:
Posts (Atom)