janela

janela - Nuno Guerreiro Dias [2013]

que fazer deste tempo

de janelas esventradas

campo de concentração

claridade e luz,

dias pequenos de invernos terrestres

invenção matemática

do meio do dia − uma só luz

de circunferência e fogo,

o sol a pique, ocupando as sombras

de uma casa mutilada,

esqueletos e tijolo,

madeira ressequida –

− matéria sem memória, improvável e esquecida

sofreguidão e crueldade

de combustão e cegueira a pique

ocupando as ruínas

de um corpo –

− o olhar fixo

de uma infância,

claridade de janela esventradas.

luz incessante de parede em incêndios,

sol a pique de um tempo em ruínas.*

* - texto da instalação Na Luz ou Essa Sombra: o Tempo em Ruínas, com Nuno Guerreiro Dias, 2013.